PONTO GEOCACHING
GC48C71-Barca da Amieira
“
No Concelho de Mação existe um local ímpar, diferente de muitos outros locais no Concelho. Aqui, as diferenças saltam à vista, claramente.
Por estes montes acima o montado afirma-se de forma vincada. Há quem diga que este pedaço de terra deveria estar na outra margem, no Alentejo, mas não. Estamos na margem direita do rio Tejo, ou seja, a Norte. O “além Tejo” fica a Sul. Desta forma, “isto” é Mação!
A nível geológico encontramos por aqui zonas de granito e de xisto, e algum quartzito.
Sendo a floresta diferente também alguns dos seus habitantes diferem… A história por aqui está dispersa e às vezes escondida, mas pode ser encontrada em cada recanto que percorremos.
Desde a mais antiga cooperativa nacional, até ao velho batelão que descansa à sombra de um carvalho cerquinho. Batelão este que, acabou por dar o nome “Barca da Amieira” a este local junto ao rio.
Este batelão em ferro ligava este “pedaço de Alentejo” ao Alentejo, possibilitava o comércio com a margem sul, e permitia que as gentes da Amieira do Tejo tivessem acesso aos comboios. Subindo para cima deste batelão observamos que era grande e imponente para a missão que desempenhava.
Transportar animais, gente e mercadorias era a sua missão.
Diz a história que nesta barca terá passado o corpo da Rainha Santa Isabel a caminho de Coimbra para o seu sepulto.
Enquanto rabiscava um pouco deste texto sentado num muro perto do Tejo, uma sombra passa por cima do meu caderno, olho e a poucos metros de mim um milhafre-preto cruza o céu pairando no ar…
Nesse instante o meu foco vira-se para as aves… outro milhafre preto anda por ali. Pelos “piados” que emitem, acredito que será um casal que estará a nidificar nesta zona.
Concentro-me um pouco a ouvir os sons, alguns são estranhos para mim, no entanto alguns não. Muitas são as aves que chilreiam na minha envolvência. Bicos-de-lacre, estorninhos, milheiras, gaios, fuinha-dos-juncos, alvéolas entre muitas outras.
Adoro estas paisagens… Podemos observar que a natureza aqui, ainda está longe da sua plenitude, nota-se bem as mazelas provocadas pelo fogo que por aqui passou…
Nesta zona existe uma avifauna fantástica, destaco a cegonha-preta que em tempos nidificou por aqui em cima de um sobreiro. Não a observei desta vez, no entanto, enquanto caminhava um casal de cartaxos ficou incomodado com a minha presença, provavelmente têm o ninho por aqui… tão empenhados que estavam em distrair-me, que consegui fotografar ambos.
Conta-se por aí, que certo dia, algumas aves juntaram-se e decidiram arrancar uma árvore…
“O Corvo aconselhou: cortem, cortem.
O Cartaxo: deita abaixo, deita abaixo, deita abaixo…
A Poupa: upa, upa, upa…
O Chapim: puxa, puxa, puxa…
A Gralha: escavem, escavem, escavem…
A Codorniz troçou: paspalhões, paspalhões, paspalhões…
O Trigueirão começou a desmoralizar: Hí tem tanta raiz, hí tem tanta raiz…
A Cotovia gritou do alto: quem te viu, quem te viu, quem te viu…
O Papa-figos ironizou: dá-lhe uma pírula, dá-lhe uma pírula…
Finalmente com a árvore ainda de pé o Cartaxo pôs fim à tentativa: o que está está, o que está, está….”
(Fonte: GAdy Rui Santos RESPIRA NATUREZA https://respiranatureza.com/2019/04/02/da-barca-da-amieira-a-sao-jose-das-matas/)