PONTO GEOCACHING
GC8RFHZ-#1 PR2-MAC - SOS1 - MEIOS TERRESTES
GC4V5NZ-Prot.CivilMação III
Neste ponto foi descoberta pela equipa da Drª Sara Cura (Museu de Mação) uma relevante estação arqueológica, que pode ajudar a compreender a existência de uma lagoa com um dimensão considerável a cerca de 500m de altitude.
Tendo em conta que as lagoas se geram, normalmente, em zonas deprimidas de baixa altitude, a existência desta estará relacionada com a configuração geométrica da estrutura das rochas e com o modelo de circulação da água no interior do maciço rochoso, que é consequência, quer do escoamento da água subterrânea, quer da acumulação das águas superficiais.
A presença de água em abundância trouxe, como consequência, a ocupação da área por povos pré-históricos dadas as boas condições de habitabilidade da área, tal como confirmam os dados recolhidos na estação arqueológica do Bando e na Buraca de Serpe.
Neste caso, falamos de uma bacia de retenção de águas pluviais, alagada a maior parte do ano, formando uma lagoa. Os limites desta bacia foram genericamente definidos através da identificação nas suas margens do afloramento rochoso quartzítico, em contraste com a sequência de sedimentos silto-argilosos que compõem o interior da lagoa e todas as sequências estratigráficas identificadas. Na sequência da escavação de uma charca para retenção águas pluviais foi efetuada uma intervenção de emergência de minimização de impacto.
Nesta intervenção foram efetuadas 6 sondagens mecânicas, uma escavação em área de 20m² e recolhas de materiais com proveniência estratigráfica controlada.
Pelo seu ambiente lacustre e pela altitude, trata-se de um sítio único em todo o Vale do Tejo. No total foram recolhidos 371 artefactos, cuja tecno-tipologia remete ao Paleolítico Médio (Musteriense) dentre lascas, lascas retocadas, núcleos e restos de talhe.
Em 2011, o objetivo era o de recuperar o máximo de dados sobre o sítio e material nas áreas que seriam afetadas pela escavação da charca de retenção de águas. Foram realizadas 6 sondagens mecânicas para o controle estratigráfico e identificação dos horizontes arqueológicos. Ao identificarem o horizonte arqueológico P (Unidade Litológica na descrição estratigráfica), uma decapagem mecânica procedeu-se para atingir o topo desta camada. Uma vez exposto o horizonte, uma recolha de material foi feita por toda a área da charca, denominada de Zona 1. No total foram escavados 8 m².
Com esta campanha, o sítio Lagoa do Bando revelou ter enorme importância em relação às ocupações musterienses do Médio Tejo, devido sua implantação enquanto ocupação de ar livre em altitude, bem como ao seu contexto estratigráfico. Os vestígios arqueológicos encontram-se preservados em unidades sedimentares muito finas de depósito lacustre, não estando por isso muito afectados pós-deposicionalmente, sendo que as peças têm as margens e as nervuras muito frescas.
Por outro lado, este sítio tem uma singular relevância para estudos paleoecológicos dada a preservação de restos orgânicos vegetais nas diferentes unidades litológicas. No que diz respeito ao conjunto lítico, este é caracterizado pela presença dos métodos de talhe Discóide e Levallois, pela utilização de diversas matérias-primas não locais, baixa presença de suportes retocados e ausência de elementos das fases iniciais das cadeias operatórias (núcleos são introduzidos já em plena fase de exploração).
Apesar da amostra ser reduzida encontram-se bastantes semelhanças tecno-tipológicas com os sítios de Vilas Ruivas e Foz do Enxarrique (concelho de Vila Velha de Ródão), sugerindo uma complementaridade com estes sítios nas estratégias de caça e recolecção nesta região.
Referimos, por fim, que se trata de uma lagoa utilizada pela Proteção Civil como local de abastecimento de meios aéreos no combate a incêndios florestais.