PONTO GEOCACHING
GC8Z37V-GEOSSITIO POÇO DAS TALHAS MARMITAS AZENHAS (PR5)
GC8Z5WB - Marmitas da Azenha [PR5MAC - GS6169] - BE11
POÇO DAS TALHAS
Poço das Talhas: o nome faz sentido. Uns metros abaixo da estreitinha ponte junto às azenhas, as águas cedem momentaneamente à profundidade do leito – ali em forma de talha, pois. Mais abaixo, porque a ribeira continua, sobressaltada, entre afloramentos rochosos e desníveis consecutivos, outros poços há, mas foi este, o das Talhas, que batizou toda esta zona e as antigas azenhas.
Há 60 anos ainda ali chegavam, carregadas de cansaço e de filhos, as mulheres das redondezas, sobretudo da minha aldeia e dos lugares vizinhos dos concelhos de Abrantes e Sardoal, equilibrando na cabeça e debaixo do braço muitas horas de labuta, suor e fé. Sabe Deus o que trabalho que dá o cultivo do milho.
Ricardo Marques, o moleiro, trabalhava a bom ritmo, tantas vezes de dia e de noite, sozinho na frescura daquele vale, fazendo companhia a si próprio e aos pensamentos que o visitavam. Duas azenhas, apenas um homem, fartura nenhuma, tudo às voltas, vezes sem conta, no cumprimento do seu destino. Sábia e pacientemente.
Tal como a roda que ora mergulha ora emerge, também a história deste sítio retornou ao seu passado para logo vir ao de cima e respirar o ar dos nossos dias. E quem sabe se o ciclo estará completo já? Ou quantas voltas pode dar uma vida?
Há dois anos, quando o fogo apareceu de novo por estas bandas, invencível, as chamas não destruíram apenas a paisagem da minha aldeia, lamberam a alma das suas gentes e deixaram mudas várias pessoas. E não se pense que foi do medo, porque não foi.
Foi sim por terem tanto para dizer, e sobretudo por saberem que há silêncios tão poderosos como gritos. Às conversas sobre aquela tarde demoníaca – e tivessem elas o condão de fazer o tempo voltar atrás, trazer de volta o cheiro a pinho e a alecrim, mas não – nada tinham a acrescentar.
Talvez a coragem se lhes tenha enchido de dúvidas e o esforço de resignação, é possível, embora talvez nunca o saibamos. Houvesse justificação possível para tamanho infortúnio e quiçá fosse mais pequena a desilusão. Assim, sem palavras, restava-lhes ombrear a natureza, meter mãos à obra.
As chuvas varreram as cinzas e pintaram de novo as encostas, recuperando assim a esperança e o verde horizonte. A ribeira corre agora ainda mais generosa e à sua volta crescem viçosos fetos, acácias e giestas. O ar cheira a estevais e a rosmaninho. Estão de volta os esquilos, os papa-figos, as toutinegras e os melros.
(Fonte: Berta Silva Lopes – MedioTejo.net)
GEOSSITIO MARMITAS DAS AZENHAS
As Marmitas das Azenhas têm expressão em diversos locais ao longo do rio Frio, algumas de reduzida dimensão (originadas a partir de uma simples descontinuidade no Granito de Belver, como por exemplo, uma diaclase), outras de tamanho considerável, algumas inclusivamente com mais mais de 1m de diâmetro.
Considerando as suas diferentes morfologias, bem como as suas dimensões, é possível contar a história do seu aparecimento e das suas diversas fases de evolução ao longo do tempo.