PONTO GEOCACHING
Esta galeria de água faz parte de uma propriedade designada Mina/Fonte, que se organiza em diversos socalcos (“chãos”, como localmente são designados) tendo sido construída para garantir o regadio destas terras e o abastecimento de água aos donos da propriedade.
Situa-se numa unidade geológica do período Câmbrico que se caracteriza pelo predomínio de bancadas de metagrauvaques e está provavelmente associada a falha geológica, de direcção W-E, visível na zona do Pico de Água e nas localidades do Pé da Serra e Martinzes.
Pressupõe-se que tenha sido mandada construir pela família que era dona desta propriedade no início do Sec. XX ou seus ascendentes que residiam junto à Fonte Velha do Pé da Serra. A construção desta mina remontará assim provavelmente aos meados/finais do séc. XIX, mas a sua origem poderá ser anterior e terá sido executada por mineiros profissionais que recorrendo às técnicas existentes à altura, nomeadamente com recurso a grandes brocas, explosivos e técnicas manuais de escavação, fizeram a abertura da galeria até à nascente.
Na década de 30 do sec. XX, esta família deixou a aldeia do Pé da Serra com destino a Vila Nova da Baronia tendo vendido toda a propriedade e com ela também a mina, aos irmãos José e João Martins, que a terão acrescentado, perfazendo actualmente um comprimento de cerca de 50 m durante o qual mantém a mesma secção.
Antes da migração dos descendentes dos irmãos José e João Martins para zonas urbanas e consequente declínio da actividade agrícola que se registava na propriedade, a mina era limpa regulamente pelos mesmos, o que garantia a qualidade da água, que nessa altura era também utilizada para consumo humano e alimentação de animais. Esta operação de limpeza e manutenção, consistia no despejo completo da água acumulada e remoção de lamas, algas e fungos existentes, o que se fazia manualmente tirando estes materiais com pás e carros de mão que galgavam, através de tábuas, a frente da mina. A parte frontal da mina foi acrescentada na década de 60/70 do seculo passado para permitir maior acumulação de água.
Nos tempos da II Grande Guerra Mundial e imediatamente posteriores dizia-se que a mina vazia poderia servir de refúgio e abrigo e, nomeadamente os mais novos das duas famílias diziam: “Se vier a guerra, vamos esconder-nos na mina”.
Actualmente a água que produz é apenas utilizada para regadio e apoio doméstico pelas famílias que detém a sua propriedade e das terras envolventes.