Caratão
1 – Mouros do Caratão
Próximas da aldeia existem muitas pedras todas de forma oval, algumas já sobrepostas, como que o início da construção de um arco.
Depois de dois montes percorridos, entre os quais corre uma ribeira, encontram-se também pedras da mesma forma e também postas do mesmo modo como que querendo edificar um arco.
Segundo a lenda, aquelas pedras eram para fazer uma ponte numa noite, pelos Mouros.
Na noite marcada, ocorreram nevoeiros e, quando se pode construir a ponte, fez-se imediatamente de dia. Como estava previsto edificar a ponte naquela noite, não a fizeram. Algumas dessas pedras estão a ser vendidas para calcetar estradas. Pensa-se que algumas daquelas pedras foram tiradas duma mina, que existia naquele lugar, de algum minério, e, onde existe a lagoa, diz-se que também há um capote, um carneiro e uma candeia, tudo de ouro.
Houve um homem que deu uma esmola a um mouro e este lhe disse onde se encontrava o capote, mas ele não poderia dizê-lo a ninguém. Próximo do local, e quando já via o capote, encontrou um amigo que lhe procurou onde ia; o homem disse que ia buscar o capote de ouro, mas nesse instante deixou de o ver.
2 – Lenda da Parteira
Outra das lendas é a da Lenda da Parteira do Caratão, interligada com Lenda da Parteira de Pedrouzos Melide na Galiza, onde em ambas as lendas a parteira foi assistir uma moira cujo marido, o mouro, a obrigou a lavar os olhos com um líquido para que se, por acaso, se encontrassem futuramente, ela nunca o pudesse reconhecer.
Ora, como seria de esperar, a parteira era muito esperta e fingindo lavar os dois apenas lavou um dos olhos. O que vai levar ao reconhecimento posterior do mouro, numa feira, que ao sentir-se reconhecido arranca à parteira, com uma faca, o olho em questão.
3 – Lenda dos Bandos e Rebandos
"Entre Bandos e rebandos, e os dois Caratões ambos, e a Rua da Amieira, e o penedo do Aivado, há oiro arraiado, que chega ao ferro do arado".
Assim reza a popular lenda do Caratão, aliás muito conhecida em todo o concelho de Mação, nesta versão, ou naquela outra que diz: "Entre Bandos e Rebandos, e os dois Caratões ambos, e a ponte do Cadouro, há um mineral de ouro"
Queixoperra
Lenda dos 7 Juízos
Reza a lenda que há muitos, muitos anos vivia ali para os lados do Vidigal, lugar próximo do Poço das Talhas, um discreto casal de mouros. Certa noite, entrando a moura em trabalho de parto, veio o marido pedir ajuda à parteira de Queixoperra.
A mulher desceu a aldeia e meteu-se a caminho da Cova da Moura, trouxe o bebé ao mundo e recebeu do casal uma oferta pelo auxílio prestado, tendo sido advertida para só abrir o bolso do avental – onde a oferta fora depositada – em casa.
Incapaz de conter a curiosidade, a mulher espreitou para dentro do bolso no caminho de regresso e nele viu apenas um punhado de carvão, que, desiludida, deitou fora. Já na aldeia, ao tirar o avental viu cair de dentro do bolso várias pepitas de ouro – e nesse momento percebeu o conselho do homem: o carvão transformara-se em ouro!
A parteira voltou então atrás na esperança de recuperar o carvão deitado fora ao longo do caminho, mas nada encontrou. Apesar de ser noite cerrada, decidiu ainda assim regressar à Cova da Moura, explicar o sucedido e lamentar não ter cumprido as ordens que recebera. O casal de mouros, no entanto, não acedeu ao pedido da mulher no sentido de a compensar pela sua insensatez, mas concedeu-lhe, para que daí em diante fosse mais atinada, sete juízos. E porquê sete? Ninguém sabe. O que todos sabem é que é esta a lenda que dá fama aos habitantes de Queixoperra de serem gente com os cinco alqueires bem medidos.
Santos
Lenda de São Gens
Erigida no cimo do monte, sobranceira aos vales que circundam a aldeia de Santos, na freguesia e concelho de Mação, permanece imaculada a Capela de São Gens. A cada incêndio, jamais foi afetada.
A razão porque assim é tem explicação numa antiga lenda local. Conta-se que havia um monte, cheio de pinheiros e de matagais, que fora atacado por um grande incêndio. O fogo consumiu toda a vegetação à excepção do cume. Curiosas, algumas pessoas foram até ao cimo do monte para tentarem perceber a razão do sucedido.
No topo do cabeço encontraram então, sobre numa pequena laje, a imagem de S. Gens, crendo que, por sua intercessão, o incêndio não consumiu aquela parte do monte.
O povo, grato, conduziu então a imagem do santo até à Capela de S. Mateus, onde a colocou e de onde ela terá desaparecido no dia seguinte. Diz-se que foi procurada por toda a parte e que foi finalmente encontrada sobre a mesma laje da véspera. São Gens voltou para a Capela de S. Mateus e de novo desapareceu para logo ser encontrado no cimo do monte.
Para que tal não voltasse a acontecer, e entendendo que era desejo do santo permanecer no topo daquela colina, o povo decide então construir-lhe uma capela no exato local onde fora encontrado pela primeira vez. Continua ainda hoje a ver venerado pela população local que todos os anos em janeiro segue em procissão até lá cima. É famosa a romaria em honra de S. Gens.
Contam os registos paroquiais que com o terramoto de 1755 ficou afectada a Igreja Matriz de Mação e os alicerces da Capela de S. Gens, sendo portanto a data da sua construção incerta mas anterior a 1755.
Castelo
Buraca da Serpe da Serra do Bando dos Santos
O mito da moura encantada, associado a esta gruta, obedece a um protótipo que é comum a outras regiões, em especial no interior centro e norte de Portugal.
Falamos de um génio feminino que reside “encantado” numa gruta onde guarda um tesouro. Aparece com aspeto sedutor aos passantes, normalmente a um pastor ainda rapaz, penteando-se com um pente de ouro o que deixa antever o seu grande tesouro. Convida o jovem a voltar no dia seguinte, mas sem contar a ninguém, para a “desencantar”, dando-lhe um beijo.
De volta ao local no dia seguinte, em vez da mulher esplendorosa encontra uma serpente.
Assustado recusa beijar a serpente, perdendo assim o tesouro. A sua perenidade é o objetivo último do mito.
É crença popular que esses seres femininos, as ”mouras”, se podem transformar em serpentes, razão que explica o facto de a gruta do Bando dos Santos ser conhecida por dois nomes: Buraca de Serpe e Buraca da Moura.
Mação
Monumento aos mortos na primeira grande guerra
Em setembro de 1938 decorreram as "Grandes festas de Mação". Na revista Terras do Tejo de outubro de 1938 as Festas são notícia com realce para a inauguração do novo Edifício Escolar e a inauguração do Monumento aos Mortos da Grande Guerra.
De realçar a seguinte descrição da inauguração do Monumento: "uma salva de 21 tiros anuncia que Mação está vivendo (...) talvez a maior hora de comoção e justiça".
"Ouve-se mais um tiro. As bandeiras descem a meia haste. Tinham começado os dois minutos de silêncio. Parece que todos se calaram para escutarem melhor a voz solene dos mortos. A voz dos sinos que tocavam a finados. Todos os olhos tinham lágrimas..."
Terras do Tejo, outubro, 1938, p. 248